sábado, 7 de abril de 2007

Jornalistas x Relações Pública: o momento é de convivência harmoniosa

O conflito que existe entre jornalistas e relações públicas no exercício da função de assessor de imprensa foi um dos temas abordados durante o XVI ENJAC, que este ano aconteceu em Fortaleza, no estado do Ceará. Esse conflito nasce na regulamentação das duas profissões e ganha força com os interesses patronal de desestabilizar as atribuições dos trabalhadores da área de comunicação. Considerado os limites da ética e as questões cotidianas que envolvem a responsabilidade social da função, o conflito só vai deixar de existir quando cada um dos atores envolvidos comece a respeitar suas reais atribuições e passe a defender uma normatização das relações de trabalho nas assessorias de imprensa.
Para debater o polêmico tema, o XVI ENJAC reuniu num Grupo de Trabalho o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo, o assessor jurídico da FENAJ, Claudismar Zupirolli, e o assessor jurídico do Sindjornal do Ceará, Carlos Chagas. Impossibilitada de participar do encontro, a secretária geral do Conselho Federal de Relações Públicas. Ana Lúcia Novelli, não esteve presente ao debate.

Segundo o advogado Claudismar Zupirolli, o que impulsiona até hoje essa polêmica é a forma de regulamentação da profissão. A legislação que garante aos profissionais formados em relações públicas a atividade de assessoria de imprensa data de 1967, sendo posteriormente complementada em 68. Em 69, um decreto-lei passou também a garantir aos profissionais formados em jornalismo o direito de exercer a atividade. “Os jornalistas sofrem do preconceito do nome. Mas decreto-lei tem o mesmo peso que a lei”, esclareceu o assessor jurídico da FENAJ. Para ele, essa diferença é onde inicialmente reside o conflito.
Na opinião do assessor jurídico do sindicato dos jornalistas do Ceará Carlos Chagas, há duas possibilidades de resolver a problemática: “ou o judiciário decide, ou se parte para a abertura do diálogo”, enfatizou. Chagas acredita que existem desafios outros que os dois profissionais enfrentam no exercício profissional que justificam o início de uma convivência harmoniosa.
“No setor de comunicação há uma justaposição de deveres profissionais que possuem limites tênues. Por outro lado, a era da multifuncionalidade obriga o profissional de comunicação fazer ações de todos os demais profissionais e está levando ao esmagamento profissional”, destacou ele. São fatos, diz o advogado, que por si só justificam o início de uma convivência harmoniosa e a abertura de um amplo debate da situação.
Por outro lado, a falta de organização profissional também está abrindo brechas para o conflito, sobretudo, pela falta de vontade que o jornalista mostra em querer modificar sua postura diante da prática profissional. Cabe aos jornalistas estabelecer uma convivência harmoniosa entre os dois profissionais, uma vez que ele ocupa quase todo o mercado de assessoria. Ao tomar essa iniciativa, o profissional de jornalismo tende a garantir as conquistas alcançadas até agora. “A criação de um Conselho Federal de Trabalhadores em Comunicação parece ser a melhor solução para o conflito”, defendeu Carlos Chagas.

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